Você sabia que aproximadamente 46 milhões de pessoas apresentam algum tipo de deficiência no Brasil? Cerca de 24% da população, ou seja, quase 1/4 dos brasileiros sofrem dificuldades tanto no campo físico, como com problemas nas estruturas de cidades (calçadas, ônibus, órgãos públicos) quanto no meio digital por não serem acessíveis a eles.
Esse foi o tema do Mirum Talks da última quinta-feira (18). Nossos especialistas Amanda Lyra, Guga Azevedo, Bianca Neudorff e Leonardo Cabreira dividiram a importância da acessibilidade digital e deram diversas dicas para você tornar seu ambiente digital mais inclusivo.
Abaixo você encontra o vídeo da transmissão e abaixo dele sua transcrição.
[Início da transcrição]
Oi pessoal, tudo bem? (desculpas em libras) Eu sou Amanda Lyra sou analista de conteúdo e SEO na I-Cherry, sou pessoa com deficiência – tenho atrofia muscular espinhal tipo 3 e sou cadeirante [autodescrição].
Antes da gente começar nosso papo, é preciso entender que ainda há um longo caminho pela frente, que terão pontos que demandam mais recursos, mas tem muita coisa que pode ser aplicada rapidamente – o mais importante é compreender e começar!
Segundo o censo de 2010 do IBGE, há mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil e juntas, elas têm aproximadamente R$ 5,2 bilhões de reais em renda disponível por mês. É uma quantidade de dinheiro significativa, mesmo assim muitas empresas não percebem que esta parcela – que representa quase ¼ da população – são clientes com grande potencial. E o cliente de hoje conhece e valoriza os conceitos das marcas que consome e avalia o posicionamento delas no mercado.
Então não adianta só falar em diversidade – é preciso agir e adaptar os meios para atender e valorizar todas as pessoas – inclusive às com deficiências. Porque as deficiências existem e fazem parte da diversidade humana.
Digo por experiência própria, os clientes com deficiências entenderam que há OPÇÕES e que eles têm o direito de poder selecionar e avaliar aquilo que eles querem comprar. E mais do que produtos e serviços, algumas marcas têm oferecido posicionamento inclusivo, levantado bandeiras e se destacado no mercado.
Com isso, a cada informação compartilhada, cada boa prática de acessibilidade utilizada e a cada campanha inclusiva, aumenta um “item da lista” de “lugares legais para gastar o meu dinheiro”.
4 C’s do Marketing
Quando falamos nos 4 “Cs” do MKT, a acessibilidade entra no C de “conveniência” – que vai desde do PDV, até o site, aplicativo, social mídia. O usuário quer ir em um lugar agradável, ter facilidade no acesso aos produtos e principalmente, poder escolher o produto que ele quer – com autonomia.
Então as empresas que investem na acessibilidade em peças de comunicação, sites institucionais, e-commerces, aplicativos e até para os perfis em redes sociais, terão uma vantagem competitiva em relação aos concorrentes. Porque estarão por consequência vendendo melhor o seu peixe.
Em maio do ano passado, o Movimento Web para todos e a Big Corp divulgaram uma pesquisa sobre a acessibilidade nos sites brasileiros. Foram avaliados mais de 14 milhões de sites ativos e apenas 0,74% deles são acessíveis.
Já pensou como é frustrante para o usuário com deficiência, além de não se ver representado em campanhas publicitárias, não conseguir entender uma campanha publicitária, não poder comprar um produto em um e-commerce ou contratar um serviço em um site institucional, porque nada disso foi pensado para ele?
Então, se não é acessível – não tem como esse usuário com deficiência ser convencido, nem conquistado. Muitas vezes, ele não chega nem no topo do funil sem precisar de ajuda.
Destaco dois pontos da lei brasileira de inclusão:
Então vamos lá – o que é a Acessibilidade Digital?
Resumindo, é a eliminação de barreiras na Web para que todas as pessoas possam perceber, entender, navegar e interagir de maneira efetiva com as páginas de um site.
E a consequência é a igualdade de oportunidade – todos os usuários podendo acessar os conteúdos com autonomia, ou seja, sem precisar pedir ajuda para outras pessoas para executarem tarefas simples e essenciais.
Isso beneficia não só pessoas com deficiências. Também promove a inclusão digital de idosos, pessoas com limitações temporárias e pessoas com pouca habilidade para navegar na internet.
Além do impacto positivo e necessário, eu separei alguns benefícios de uma empresa investir em acessibilidade digital:
Então gente, eu sou o Guga, Analista sênior de Conteúdo, especializado em UX Writing e Estratégias para plataformas [autodescrição].
A gente sempre brinca que esse trabalho com acessibilidade digital começa quando você está em alguma reunião kickoff de projeto e você é “A” pessoa que vai levantar a mão e perguntar se está previsto alguma acessibilidade no projeto. Eu falo isso, porque nesse estágio de trabalho em que vivemos é muito importante ter alguém do time que está preocupado com essas questões e com disposição para resolvê-las.
O principal talento que você precisa ter para implementar acessibilidade digital em sua rotina de entregas é proatividade e disposição. Serão poucas as vezes que alguém vai chegar e falar que tem um trabalho de acessibilidade para você. Você tem que caçar isso, começar a assumir essas boas práticas por conta e avisar os amiguinhos em volta que você está fazendo isso.
Como eu estou aqui para falar como funciona a acessibilidade digital na prática dentro de um time conteúdo, eu penso que essa é minha melhor dica e mais importante de todas – a proatividade e a disposição para você colocar essas boas práticas em sua rotina sem ninguém pedir. E aí claro vem a pergunta: como a gente pode fazer isso dentro de conteúdo?
Nós vamos passar algumas dicas e pontos de atenção para deixar suas redes sociais, sites e os e-commerces mais alinhados com as boas práticas de acessibilidade – tanto as sugeridas pelo WCAG quanto as solicitadas pelo governo brasileiro. Antes, vamos passar repassar quais são os recursos de acessibilidade que você pode aplicar em suas frentes digitais.
Eu não sei vocês já notaram, mas nas laterais de alguns sites têm um ícone que indica o sinal de Libras. Ele quer dizer que ali abre alguma janelinha com um item visual, normalmente é uma animação, que traduz o conteúdo da página em Libras. O recurso mais famoso que temos aqui é o Hand Talk, mas o governo também conta com o Vlibras que é gratuito – e quando você deixa o mouse em cima do conteúdo, ele já faz a tradução automática ali naquela janelinha.
A gente sabe que em algumas redes sociais já colocaram as legendas como itens obrigatórios para o bom desempenho de algumas postagens, mas essa já é uma boa prática antiga, que ajuda muita gente e tem que ser mantida.
Não só para ter acesso ao que está sendo comunicado, como para descrição dos sons que estão acontecendo – tanto para vídeos, filmes e séries, quanto em passeios guiados em museus, por exemplo, em descrição de obras. Acho que a Amazon Prime já conta com esse recurso das legendas e ela sempre aparece com aquelas chaves dizendo “som de vento”, “freada de carro”, “gritos ao fundo” e etc.
Todo conteúdo que você tem de aúdio, você terá que transcrever ele em algum lugar do seu site, inclusive os podcasts.
Provavelmente a que mais temos contato hoje em dia, por conta das redes sociais. Normalmente elas são curtas e vêm acompanhadas da #PraCegoVer ou #PraTodosVerem, ou para qualquer outra que indique que o conteúdo é acessível.
É o famoso Alt Text que tem o mesmo princípio da descrição da imagem, mas vem aplicado nos fundos do site – vai ser acessado pelos leitores de tela, não precisa usar as hashtags. Boas partes das redes sociais hoje já contam com esse recurso na hora de edição do post antes da publicação. Tanto Twitter, quanto Facebook e Instagram já estão em dia com esse recurso em seus sistemas – inclusive alguns já abrem uma descrição automática que pode ser ditada pelo Community Manager ou por quem está cuidando da conta, assim como as legendas automáticas de vídeos que já acontecem no Instagram.
Recomendações para descrição de imagem
Precisa ter um sujeito, a paisagem, o contexto e a ação – não precisa ser nessa ordem mas o ideal é que sigam esses passos.
A ordem da descrição, dos elementos que você vai colocar, é a ordem da leitura aqui do Ocidente – ela começa da esquerda para a direita, de cima para baixo.
As siglas tem uma pegadinha. Quando for lida como uma palavra, como DETRAN, precisa deixar ela toda junta na descrição. Se a sigla for soletrada, como WCAG, então precisa colocar separado – W C A G.
Muita atenção para esse tópico nos conteúdos. Quando se usa “x”, “e”, “@” para linguagem neutra, você pode acabar confundindo leitores de tela digitais, os tradutores de libras e quem tem dislexia, quem está em algum espectro autista etc.
Você pode estar querendo incluir de um lado e exclui do outro, deixando PCDs sem assimilar esse conteúdo.
Quando falamos em e-commerces, plataformas ou sites, todas essas recomendações de elementos de acessibilidade digital e as boas práticas nas descrições de imagens devem ser aplicadas. Mas esses são ambientes que possuem outros pontos de atenção para quem está fazendo a acessibilidade digital de seu conteúdo.
Esses são pontos extremamente importantes para todos os sites, principalmente para e-commerce. Se você não transparecer segurança em sua navegação e manter formulários e instruções em dia, vai perder vendas.
Estar em dia com essas boas práticas de acessibilidade também traz ao e-commerce um novo terreno de oportunidades que ele ainda não tenha explorado:
Pode não parecer para você, mas o google vai ver, como o Léo vai nos explicar melhor agora.
Boa tarde, pessoal. Eu sou o Leonardo do time de SEO da Mirum, sou Analista Pleno e faz 2 anos que estou trabalhando com SEO [autodescrição].
Eu começo aqui então trazendo a principal semelhança entre acessibilidade digital e search engine optimization, mais conhecido como SEO, é levar conteúdo aos usuários. E fazer com que esse conteúdo seja otimizado e legível pelas máquinas e mecanismos de busca, como leitores de tela e Google.
Podemos pensar no Google como um usuário surdo, cego, que só tem acesso a um teclado e ainda tem limitações de navegação. Dessa forma, existem alguns pontos que devemos nos atentar na hora de construir uma página ou um site na web, como:
E vale levar em consideração a premissa de “content is king” ou seja, o conteúdo é rei tanto em acessibilidade quanto em SEO.
Olá pessoal, meu nome é Bianca [autodescrição] e vou trazer alguns pontos que são interessantes na tecnologia aplicados à acessibilidade digital.
Os pontos que eu vou citar aqui são embasados no WCAG (Web Content Accessibility Guidelines), que foi criado pelo W3C (World Wide Web Consortium) que é a principal organização de padronização da World Wide Web. O WCAG é um guia de acessibilidade na Web, porém é importante salientar que se tratando de acessibilidade, não existe um check list, um padrão ou regras a serem seguidas.
É importante entender o que o usuário de fato precisa, pra isso é necessário ter embasamento na experiência do usuário.
Eu vou citar algumas práticas interessantes presentes nesse guia, mas é importante lembrar que este material está sempre em evolução e de acordo com as necessidades do usuário ele vai se adaptando, os profissionais tem a possibilidade de implementar ou não as sugestões desse guia.
Existem quatro princípios/pilares da acessibilidade digital:
E quando a gente fala de web, é importante falar sobre semântica.
E o que é a semântica?
É dar significado ou sentido. Então quando a gente tem uma página web é necessário dar significado para ela. É possível fazer isso por meio de código, como são as tags b (bold / negrito) e i (italic/itálico) que podem ser substituidas por strong ou em;
<b> Negrito </b>
<i> Itálico </i>
<strong> negrito </strong>
<em> Itálico / emphasis -> enfâse </em>
Não há mudança visual na alteração das tags, mas há mudança semântica – isso reflete para um leitor de navegador. Quando usamos o <strong> estamos dizendo que ela deve ser lida com mais força, mais intensidade. Quando usa-se o <b> ele só tá marcando que determinada palavra está em negrito. O mesmo uso se dá ao usar o <em> você deu o sentido de que aquela parte deve ser lida com mais ênfase e a tag <i> só marca uma palavra em itálico.
Existem diversas outras tags que são semânticas também e auxiliam o leitor de navegador, como:
Falando sobre imagens também vale citar novamente o atributo ALT nas imagens, que é interessante que tenha até 100 caracteres. Ao passar disso é legal usar o atributo longdesc (descrição longa), evitar juízo de valor (se é bonita ou feia por exemplo), evitar termos como “imagem de…, figura sobre…” porque o leitor já anuncia que é uma imagem.
EXEMPLO:
alt=camisa social azul com listras brancas e possui bordado floral na parte superior. (80 caracteres)
O último ponto que eu acho importante focar, já que estamos falando sobre imagem, é a imagem no código que na verdade é uma recomendação bem simples, que as imagens não sejam inseridas todas por background.
Para finalizar, acredito que o principal ponto que deve ser focado é em fazer a web ter mais significado, sentido, ter mais semântica. Existem diversas outras recomendações, diferentes maneiras de pensar sobre acessibilidade digital, mas é importante lembrar que o fator mais impactante é embasar as funcionalidades de uma página web ou aplicativo na experiência do usuário.
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